SOBRE
O III Congresso Nacional de Estudos Lispectorianos acontecerá nos dias 28, 29 e 30 de outubro de 2020, na Universidade Federal da Paraíba. Organizado pelo Grupo de Pesquisa Literatura, Gênero & Psicanálise (LIGEPSI), em parceria com o Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), pretende homenagear, pela terceira vez, uma das vozes mais perturbadoramente sensíveis da Literatura Brasileira: Clarice Lispector (1920-1977), que em especial, este ano, comemoramos seu centenário. Revisitar, reler e ressignificar a palavra lispectoriana continua sendo um desafio ao leitor, às academias e ao ser humano.
Homenageada: Prof. Dra. Wilma Martins de Mendonça

27, 28, 29 e 30 de outubro de 2020
GRUPOS TEMÁTICOS
Modalidade: Comunicação Oral
1. A VIDA EM COLAPSO: REVERBERAÇÕES DA MORTE NA ESCRITA LISPECTORIANA
Coordenação: Prof. Letícia Simões e Prof. Anderson Soares
Link para a sala: https://meet.google.com/xsp-mctr-owv
A narrativa clariceana nos coloca, por vezes, diante de uma potência mortífera que se apresenta em suas mais distintas faces, estejam elas relacionadas à putrefação do corpo (evocação realista e verdadeira da morte), ou atreladas ao desaparecimento simbólico, o que nos conduz, com parcimônia aos terrenos nebulosos do luto e da melancolia. Nesse sentido, duas instâncias persistem na tessitura literária forjada por Lispector: a primeira, enquanto elemento familiar, que compõe a biografia de todo e qualquer indivíduo; e a segunda, como fenômeno capaz de representar a ausência, a perda e a separação, trazendo consequências que esbarram em nosso inconsciente. Guiando-nos por tais reflexões, nosso GT pretende integrar e discutir trabalhos que ampliem o diálogo entre a temática da morte e a escrita singular de Clarice Lispector.
2. CONFISSÕES, ANGÚSTIAS E DESCOBERTAS CLARICE EM CORRESNPONDÊNCIAS
Coordenação: Prof. Mariana Ramalho, Prof. Sandro Santos e Prof. Dr. José Raymundo
Link para a sala: a definir
Além de sua insigne presença na prosa, o legado clariceano tributa um denso conjunto de epístolas familiares (para sua irmã Elisa Lispector), profissionais (para seu editor Lúcio Cardoso) e pessoais (como Fernando Sabino, por exemplo). É possível constatar, nessas correspondências, muito do substrato conteudístico presentes em seus contos, crônicas e romances, a saber, O lustre, A paixão segundo G.H., Laços de Família, Felicidade Clandestina, A cidade sitiada, A descoberta do mundo etc que escancaram o imperativo de se compreender a alma humana, promovendo, diásporas estéticas e marcas indeléveis na cartografia literária brasileira. As cartas denunciam uma mulher tomada pelas circunstancialidades da vida, pelos conflitos com seus congêneres, e sobretudo, dedicada ao trabalho íntimo e doloroso com a palavra, da qual emanam confissões luxuriosas, ironias singelas e paradoxos coerentes, características das efervescências lispectoriana. Nosso Gt, deixando-se guiar por tais reflexões, acolherá estudos, concluídos e em andamento, que se voltem para o heteróclito tecido das correspondências recebidas e/ou enviadas por Clarice Lispector.
3. DAS NÚPCIAS QUE CEIFAM ÀS SEPARAÇÕES QUE ACALENTAM: A VIDA JAZ NA POÉTICA CLARICEANA
Coordenação: Prof. Guilherme Ewerton e Prof. Me. Leandro Ferreira dos Santos
Link para a sala: https://meet.google.com/toz-hbfp-rci
Desde sempre são duas mentes, dois corpos, dois objetos, implicados numa relação de trocas desequilibradas, a partir das quais a subjetividade adquire seus tons e movimentos. É no alvorecer da vida, envolvendo-se numa dinâmica de introjeção e exílio, de divisão e fusionamento, que o bebê, em sua precariedade simbólica, lança-se à batalha pela sobrevivência, munido apenas das fantasias que lhe são ora pacatas ora bizarras, a depender da resposta materna às suas necessidades. Se as frustrações são mitigadas pelo amor, o mundo interno ergue-se sólido e promissor, capaz de refazer-se ante os cataclismos próprios do existir. Caso o ódio e o terror predominem, emergem-se o caos, a desintegração e o estado de não-ser. Ao longo das estações, na adultez, reeditaremos esse corolário emocional, com seus rudimentos e imperfeições. No contemporâneo, assistimos, cada vez com mais frequência, uma erupção de vínculos rarefeitos, amorfos, sem viço, forjados por sujeitos, de igual modo, debilitados e enfraquecidos, incapazes de lidar com a ausência, com a solitude, com o fracasso. Negligenciam a empatia e refugiam-se na indiferença ao outro. Eis a “fotografia” de um mundo interno cáustico e obsoleto, desprovido de propriedades restauradoras. Nossa proposta de trabalho, alicerçada dos pressupostos teórico-clínicos da psicanálise kleiniana, pretende examinar, na poética clariceana, as reverberações do desamparo, articulando-as aos imperativos de uma cultura pós-moderna que impede o pensar (tal como Wilfred Bion o concebe) e a construção interna de bons objetos (experiências gratificadoras).
4. DA SUTURA MÍTICA AO CORTE DO REAL:RESSONÂNCIAS DO INSÓLITO NA LITERATURA LISPECTORIANA
Coordenação: Prof. Matheus Pereira e Prof. Wanessa Moreira
Link para a sala: https://meet.google.com/dme-sfhc-qyc
Seja na (re)invenção das preleções mitológicas, ou na insurgência do real, a palavra clariceana desvela a potência da fantasia em seus contornos mais íntimos. O tecido narrativo, costurado por forças arcaicas, acolhe, por vezes, uma poética cuja arquitetura simbólica se refaz conforme os clamores do insólito ficcional, dando origem a uma diegese capaz de alocar, deslocar e, sobretudo, desestabilizar as garantias do real (ROAS, 2013). Tal mosaico (simulacro do jogo entre o rudimentar e o civilizado) carrega as cifras das transgressões e das inexplicabilidade existenciais, uma vez que os movimentos linguageiros tentam (e, amiúde, fracassam) proporcionar meios de explicar o que a realidade não logra, repele e destrói. Deixando-se guiar por tais conjecturas, nosso GT tem como perspectiva abarcar estudos que desbravam o elo entre a escrita lispectoriana e as energias germinais do fantástico.
5. DIÁSPORAS E CONTRATOS DA SUBJETIVIDADE: AS INTERLOCUÇÕES ENTRE CLARICE LISPECTOR E HILDA HILST
Coordenação: Prof. Anderson Pereira e Prof. Verônica Cavalcante
Link para a sala: https://meet.google.com/kmt-jrzj-dmz
Personagens desamparados, corpos eróticos marcados pela melancolia e a iminente necessidade de ir além dos limites da palavra tornam as obras de Clarice Lispector e Hilda Hilst impactantes, ao oferecerem uma imersão na condição humana, por meio da subversão e do derramamento de si. Lispector procura desvendar, por meio da prosa intimista, os meandros da subjetividade feminina descentralizada do falo, ao passo que Hilst poetiza o gozo da mulheridade, através do investimento nos afetos, sejam esses malditos ou sagrados. Nesse sentido, este GT propõe um mergulho desbravador por entre os intercâmbios das escritas que elas nos legaram. Sendo 2020 ano de celebração dos 100 anos de Lispector e dos 90 anos de Hilst, urge-se evidenciar os pontos de intersecção entre duas das autoras brasileiras que mais despedaçaram o verbo em busca do desnudamento do eu, projetando assim, em suas escreveduras, as relações entre a criação artística e o ser humano em suas múltiplas expressões.
6. DO LAÇO À SEPARAÇÃO: O AMOR EM CLARICE LISPECTOR
Coordenação: Prof. Me. Marcíllia Poncyana e Prof. Bruno Lins
Link para a sala: a definir
A psicanálise e a literatura se encontram em suas mais distintas rotas, gêneros, palavras e silêncios, construindo uma via de estudo e discussão dos conflitos que afetam homens e mulheres. Assim, acontece com o texto de Clarice Lispector. Sua atemporalidade e força, diluídas em representações afetivas conclama o himeneu com a Psicanálise, tornando possível compreender as subjetividades, em suas perambulações pelas esferas pública e privada da existência. Dessa forma, contagiados pelos sinestésicos da prosa clariceana nosso Gt albergará pesquisas que se debrucem sobre a emaranhada rede das experiências amorosas, tão difíceis de serem traduzidas pelos amantes, mas tão bem bosquejadas pela sensibilidade vaticinadora de Clarice Lispector.
7. DO RECATO DO CORPO À DEVASSIDÃO DA ALMA: O PATHOS NA PROSA LISPECTORIANA
Coordenação: Prof. Me. Jhonatan Leal e Profa. Me. Vanalúcia Soares
Link para a sala: https://meet.google.com/iqk-rcfi-cex
Os afetos costumam estar imbricados na obra de Clarice Lispector. Seja no vínculo amoroso entre Lóri e Ulisses (Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres), no modo como Macabéa estabelece laços com seus amigos, namorado e familiares (A hora da estrela), na festa de oitenta e nove anos de Olária (“Feliz aniversário”), nos cuidados de uma mãe, esposa e dona de casa zelosa (Ana, no conto “Amor”), ou no modo conflituoso como um homem se relaciona com o seu cachorro (“O crime do professor de matemática”), o amor e a solidão são constantemente tematizados, formalizados e representados pelos textos e personagens lispectorianas. Sendo assim, esse Grupo de Trabalho propõe discutir, através de romances e contos de Clarice Lispector, as estratégias e ideias articuladas por essa autora, em sua escrita ficcional, para tratar do amor e da solidão enquanto afetos intrínsecos e, muitas vezes, indissociáveis da experiência humana.
8. O PÊNDULO DA FANTASIA: MOÇÕES DA INFÂNCIA E DO INFANTIL EM CLARICE LISPECTOR
Coordenação: Prof. Me. Rosilene Felix Mamedes e Prof. André Luís
Link para a sala: a definir
Este GT contemplará a literatura infanto-juvenil com base nas obras de Clarice Lispector. Nossa proposta, promulga a ampliação do debate para o trabalho na educação básica, tendo vistas, as práticas que promovam a leitura e a construção de novos leitores por meio dos textos clariceanos voltados para o público infanto-juvenil.
9. O PODER SUBJETIVO DAS PALAVRAS: O UNIVERSO FEMININO NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CLARICE LISPECTOR
Coordenação: Prof. Me. Ivanildo Santos e Prof. Me. Leonardo Monteiro
Link para a sala: https://meet.google.com/ysm-isya-zxc
A prosa poética de Clarice Lispector é marcada por uma imersão nas subjetividades de suas personagens, utilizando uma linguagem que valoriza sentimentos e emoções. Abordando a existência humana e sua complexidade, por um viés filosófico, podemos afirmar que Lispector sempre problematiza a própria capacidade da língua ao reconhecer os limites que as palavras impõem ao desejo, ao autoconhecimento e à comunicação com o Outro (BAILEY, 2007). Nessa perspectiva, a escrita clariceana procura transgredir essa fronteira. Ao tentar exaurir os significados das palavras, em busca de expressar os sentimentos femininos, a linguagem, torna-se, portanto, origem e essência da própria tessitura textual da autora. Considerando esses traços, Clarice Lispector esgarça as particularidades do universo feminino, desnuda as relações de poder, expõe sentimentos e insatisfações da mulher. As narrativas não se restringem a denunciar os efeitos do patriarcado na subordinação da mulher. São criados campos de “meditação (e de mediação)” (HELENA, 2010, p.96), através da palavra, sobre o feminino e os mistérios que concernem o universo e o corpo da mulher. À luz do exposto, este GT visa discutir as várias representações do feminino na obra de Clarice Lispector, utilizando teorias psicanalíticas, feministas e/ou de gênero que reflitam a condição do feminino na produção literária da referida autora.
10. ITINERÁRIOS DA FEMINILIDADE: VEREDAS DO EROTISMO NA ESCRITA LISPECTORIANA
Coordenação: Prof. Me. Silvio Tony e Prof. Thiago Guilherme
Link para a sala: a definir
A efabulação literária concentra múltiplas representações do fazer humano, que transbordam os códigos linguísticos, desestabilizando as fronteiras entre o real e a fantasia. De igual modo, com certas particularidades, a psicanálise infiltra-se nos campos da subjetividade tecendo diagramaturas que colocam, em cena, as querelas do desejo. Tal conjectura, entre arte e psique, espargem-se, sistematicamente, nas teorizações de Sigmund Freud (1856-1939) que subsidiou, muitos dos seus conceitos sobre os infortúnios do homem, em obras clássicas como, a exemplo de Édipo rei, de Sófocles; assim como se inspirou em autores modernos: Goethe, Baudelaire e Shakespeare. O resultado fora uma hermenêutica que extrapola os limites da clínica e se debruça sobre os revezes da cultura. Seguindo por este caminho, vislumbramos, na poética clariceana, o substrato telúrico do espírito, que esgarça a palavra, projetando os dramas que encenam o mortífero e o vivificador, o possível e o recusado. Clarice Lispector agrilhoa, como nenhuma outra, a sensibilidade e a empatia. Em seus personagens, sobretudo os femininos, habitam desejos, angústias e moções eróticas em estado cru, rudimentar capazes de alargar as referências que traduzem a mulher e seus semblantes. Nosso simpósio, propõem-se, então, discutir a plasticidade do erotismo feminígeno, buscando desenhar as rotas da sexuação que histórica e subjetivamente situaram homem e mulher em lugares dispares.
PALESTRAS/MESAS-REDONDAS
27 de outubro. Horário: 09:00. Sala Virtual: A DEFINIR
27 de outubro. Horário: 14:00. Sala Virtual: A DEFINIR
27 de outubro. Horário: 18:00.
POR QUE CLARICE?
Palestrante: Profa. Dra. Nádia Batella Gotlib
Link para a sala: https://meet.google.com/epe-mymg-uhj
28 de outubro. Horário: 09:00.
O RELATÓRIO DA COISA E OUTRAS HISTÓRIAS: A METACRÍTICA DO TEMPO EM CLARICE LISPECTOR
Palestrantes: Profa. Dra. Amanda Ramalho de Freitas Brito, Profa. Dra. Edvânea Maria da Silva e Profa. Aline Ferreira
Link para a sala: https://meet.google.com/coe-ttfu-rpa
ENTRE AS RUÍNAS DO AMOR: DEVASTAÇÕES POÉTICAS EM CLARICE LISPECTOR
Palestrantes: Profa. Me. Marcíllia Poncyana, Prof. Bruno Rafael Gonçalves e Prof. Thiago Guilherme
Link para a sala: https://meet.google.com/nzo-usjt-fzh
28 de outubro. Horário: 15:00.
O LIVRO-RIZOMA CLARICE: DESTERRITORIALIZAÇÕES DO FEMININO NAS ARTES DE ESCREVER-EDUCAR
Palestrante: Profa. Dra. Gilcilene Dias da Costa
Link para a sala: https://meet.google.com/viy-nemb-ows
Por emaranhados rizomáticos de uma escritura aberta e inquietante, Clarice alarga o existir humano, sobretudo o feminino, nas páginas e paisagens inconclusas da vida. Percorrer o livro-rizoma Clarice, nas desterritorializações do feminino, na companhia de Deleuze e Guattari, por linhas de escrita vertidas em linhas de vida e fluxos de criação, constitui um desafio aos processos educativos libertários da condição da mulher e do feminino. Nos labirintos dessas linhas, desafia-se os subjetivismos e as representações universalizantes do “ser mulher” instituído pelo patriarcado, a fim de romper essa “casca” existencial e fazer fervilhar fluxos de vida, múltiplos, intensivos, subversivos, libertários. Um convite a desterritorializar-se com Clarice, e a experimentar os devires das “microfeminilidades” nas artes de escrever-educar.
28 de outubro. Horário: 18:00.
A CROSTA E A OSTRA: LOUCURA E NORMALIDADE EM CLARICE LISPECTOR
Palestrante: Profa. Dra. Yudith Rosenbaum
Link para a sala: https://meet.google.com/vdk-hvgx-zzq
Há um território pouco explorado na obra de Lispector e que atravessa seus textos como rios profundos. A autora problematiza os polos da razão e da desrazão, da normalidade e da loucura, da lucidez e da alienação, propondo ao leitor que reveja valores, crenças e certezas sobre sua existência pessoal e social. Em torno desse campo, abordaremos algumas passagens dos contos “Amor”, “A imitação da rosa” e “ Os obedientes”, bem como do romance A paixão segundo G.H.
28 de outubro. Horário: 20:00
CLARICE E A SUPREMA ALEGRIA
Palestrante: Prof. Dr. Marco Antônio Coutinho Jorge
UM SOPRO DE VIDA E MORTE EM MACABÉA
Palestrante: Profa. Dra. Numa Ciro
29 de outubro. Horário: 09:00
ESQUIZOFRENIA E SOPRO VERBAL: INTERFACES DO EU EM CLARICE
Palestrantes: Profa. Dra. Ana Patrícia Silveira e Profa. Dra. Vanalúcia Soares da SIlveira
29 de outubro. Horário: 18:00
O QUE É UMA MULHER? ASSOMBROS DA FEMINILIDADE EM CLARICE LISPECTOR
Palestrantes: Profa. Wanessa Moreira, Profa. Letícia Simões e Profa. Verônica Cavalcante
Link para a sala: https://meet.google.com/rpv-hdgd-jnz
A escrita clariceana circula pelas diversas facetas do feminino de maneira singular. Insubmissas, as protagonistas são mulheres que excedem limites e subvertem valores pré-estabelecidos socialmente. A partir das narrativas de Clarice Lispector é possível compreender a sofreguidão inerente ao feminino. Diversas narrativas elaboradas pela escritora nos colocam diante de cenários e personagens que dão corpo e voz àquilo que pode ser compreendido enquanto pertencente à feminilidade e a psique humana. É partindo desse lugar que a inquietação em explorar essas múltiplas faces dessas mulheres nos conduz a caminhar por três contos da escritora, são eles “Praça Mauá”, “A imitação da rosa” e “Devaneios e embriaguez duma rapariga”. Na primeira narrativa, somos apresentados a Luísa/Carla, uma puta, que consegue seu sustento performando como dançarina de uma boate, a Erótica. É apenas ao final do conto que o leitor se defronta com a indagação: quais são os requisitos que definem um sujeito ser mais mulher que outro? Feminilidade, subjetividade, limites e questões morais nos conduzem na tentativa de compreender essa face do feminino. Na segunda narrativa, Laura é um modelo exemplar de esposa submissa, na qual levanta questões referentes à lucidez, enquanto observa algumas rosas em um momento de reflexão, pontuada em delírios através de seus conflitos interiores. Por fim, no terceiro conto selecionado para compor nossa discussão, deparamo-nos com uma protagonista que mergulha nos recônditos de sua feminilidade, a partir das interrogações angustiantes e impetuosas sobre o papel que exerce enquanto mulher nos ambientes privados e públicos. Esta percorre diversas facetas do feminino, trilhando caminhos de transgressões e vias de solitude, a todo tempo a personagem busca usufruir por ora as suas aflições e ora suas fúrias de maneira autônoma. Diante disso, essa mesa redonda pretende integrar e debater tais reflexões, privilegiando os diversos significantes e significados que pertencem ao feminino, ao seu corpo e aos desejos mais esfíngicos.
29 de outubro. Horário: 15:00.
LISPECTOR: ELISA E CLARICE
Palestrante: Prof. Me. Thiago Cavalcante Jerônimo
Link para a sala: https://meet.google.com/fso-dyxo-quq
Esta exposição convoca à reflexão produções e depoimentos de Elisa Lispector e de Clarice Lispector relacionados ao judaísmo e ao cristianismo. Considerando o exame de depoimentos pessoais e de produções literárias das autoras, bem como a pesquisa bibliográfica de suas respectivas fortunas críticas, guiadas por fundamentos teóricos relativos às questões da teoria literária, marcam-se direcionamentos divergentes das irmãs escritoras no tocante às religiões supracitadas. Com esse entendimento, a leitura deste estudo pauta-se com as seguintes considerações: Elisa se reconhece como judia, e há uma dinâmica textualmente explícita e de igual forma relevante em sua escrituração relacionada à cultura e à religião judaica, ocorrência que, por sua vez, invalida em sua literatura e em sua vida a cultura e a religião cristã; contrariamente, Clarice Lispector se subtrai – em sua obra e em declarações – da temática judaica, acentuando, entretanto, aspectos evangelísticos em suas produções.
CLARICE LISPECTOR: ESTRATÉGIAS E POSICIONAMENTOS NA ESCRITA MIDIÁTICA (1941-1967)
Palestrante: Profa. Me. Kaoana Sopelsa
Link para a sala: https://meet.google.com/nqw-houu-tus
29 de outubro. Horário: 18:00.
CRÔNICAS DE TEREZA QUADROS, MÁSCARA DE CLARICE LISPECTOR
Palestrante: Profa. Dra. Tânia Sandroni
Link para a sala: https://meet.google.com/xcu-zcrq-nhn
Sob a máscara de Tereza Quadros, em 1952, Clarice Lispector produziu a página “Entre mulheres” no jornal Comício. A seção, mesmo apresentando receitas e orientações comportamentais às mulheres, estava longe de ser um espaço discursivo comum à imprensa feminina. De forma sutilmente subversiva, a escritora selecionou trechos de autores – muitos deles presentes no livro O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, inédito no Brasil – e elaborou crônicas. Algumas dessas crônicas tornaram-se contos clariceanos posteriormente. Outras permaneceram praticamente desconhecidas. Na palestra, serão apresentados aspectos da coluna e, de forma mais detalhada, algumas crônicas pouco divulgadas em que é possível observar aspectos de gênero e de classe: “Enfermeirinhas espertas”, “Baú de mascate” e “Conversas de cozinheiras”. O olhar da cronista contradiz o estigma de escritora alienada às questões sociais e revela que, muito antes de produzir as crônicas reunidas em A descoberta do mundo, Clarice Lispector já exercitava a prática da crônica.
NOTAS EXPRESSIONISTAS EM NARRATIVAS DE CLARICE LISPECTOR
Palestrante: Profa. Dra. Mariângela Alonso
Link para a sala: https://meet.google.com/kjj-ebzp-xmz
DO DELEITE DE EROS AO ESTERTOR DO CORPO: OS (DIS)SABORES DA CARNE EM "MAS VAI CHOVER"
Palestrante: Prof. Ananias Epifânio de Oliveira
30 de outubro. Horário: 09:00.
O BESTIÁRIO DE CLARICE LISPECTOR: BREVE LEITURA A PARTIR DE LAPLANCHE
Palestrante: Prof. Dr. Fabio Roberto Rodrigues Belo
Link para a sala: https://meet.google.com/uwd-qtox-hki
Os animais constituem um tipo de objeto libidinal através do qual o sujeito simboliza aspectos da alteridade inconsciente que o habita. Utilizarei a teoria psicanalítica para interpretar alguns contos de Clarice Lispector a fim de desenvolver a hipótese de que, enquanto objeto libidinal, o animal será suporte de incontáveis afetos: do amor ao ódio, o bicho ocupa diversos lugares nos circuitos pulsionais de um sujeito.
DO ESQUARTEJAMENTO DA PALAVRA À COSTURA DO DESEJO: O DIVÃ PROCUSTIANO DE CLARICE
Palestrantes: Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues, Prof. Guilherme Ewerton e Prof. Matheus Pereira
Link para a sala: https://meet.google.com/urn-rrbd-ydi
30 de outubro. Horário: 15:00.
A PALAVRA INFINITA: CLARICE E AS PEQUENAS COISAS DO MUNDO
Palestrante: Profa. Dra. Cris Torres
Link para a sala: https://meet.google.com/etj-akff-kdh
Blanchot afirma que um escritor nunca sabe quando a obra termina. Nunca sabe que está realizada e, aquilo que terminou em um livro, ou recomeçará ou desconstruirá em outro. Esta espécie de prosa infinita nos convida, na ocasião da comemoração dos 100 anos de Clarice, a uma escuta atenta diante das muitas vozes que falam e calam em sua obra. Meu convite é praticarmos uma escuta de desvio que colhe, na cadência dessa prosa clariciana, o olhar para as pequenas coisas do mundo e seus gestos de resistência. A partir desse recorte interessa-nos pensar de que modo sua literatura profana certos marcadores sociais da diferença e problematiza a alteridade dada sempre como menor ou como falta. As personagens Pequena Flor, do conto "A menor mulher do mundo" e Macabéa, da obra "A hora da estrela", protagonizam as vozes dessa conversação.
O CORPO FEMININO: PRAZERES, ENCONTROS E (RE)DESCOBERTAS
Palestrante: Prof. Dr. Thiago Fernandes Soares Ribeiro
Link para a sala: https://meet.google.com/nec-geqg-ixn
30 de outubro. Horário: 18:00.
QUAL CLARICE VOCÊ VÊ E ESCUTA?
Palestrante: Profa. Dra. Rita de Cássia Kileber Barbosa
Link para a sala: https://meet.google.com/wci-aeks-gsj
O campo da crítica literária pode ser revisitado e revitalizado por meio da leitura psicanalítica. Não para colocar Clarice Lispector ou seus personagens no divã, mas para escutá-los, ouvindo o que há de fresco no seu discurso. Também não se pretende exemplificar a teoria psicanalítica com trechos da escritora: seria desrespeitoso e empobrecedor. Pelo contrário, o objetivo é aprender com ela. Por ofício, o crítico literário lê e vê; enquanto o psicanalista escuta. Quais seriam as contribuições de Clarice para o campo psicanalítico? Qual Clarice você vê e escuta? A existencialista, a hermética, a angustiada, a feminista, a melancólica, a marxista? Clarices são várias: “gênero não me pega!”, diria ela. A partir da materialidade de seus textos, e não apenas de excessos interpretativos, é possível ver e ouvir múltiplas clarices. Exige-se leitor de “alma já formada”, que sabem que “a aproxima do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente - atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar”. O mundo e o vivo: o mundo vivo foi um dos temas centrais da escrita de Clarice Lispector. Este mundo pulsante impele o eu para fora de si mesmo. Depois do contato com o mundo vivo, nada fica como antes. Quando a escritora se expõe à vitalidade do mundo em sua obra, disponibiliza essa realidade para seus leitores. Desconfortável leitura que inverte os sinais cotidianos: o bem parece mal, o mal parece bem, a bondade é dolorosa, a misericórdia é violenta, a vida é horrível, a verdade é nojenta. A escrita clariceana sustenta paradoxos e para celebrar seu centenário, destacarei entre suas contribuições, o poder curativo daquilo que arde e faz doer.
UM MUNDO SÓ FERIDAS
Palestrante: Prof. Dr. Márcio Venício Barbosa
Link para a sala: https://meet.google.com/ewg-fepv-efj
30 de outubro. Horário: 20:00
LANÇAMENTO DO LIVRO DA PROFA. DRA. MARIA BERNARDETE NÓBREGA
Link para a sala: ttps://meet.google.com/vpt-wxoe-jjn
PRAZOS
Submissão de resumos: 16/09 - 16/10
Submissão de trabalhos completos: EM BREVE
Ouvintes: 28/09 - 26/10
COMISSÃO ORGANIZADORA
Comissão Organizadora/Científica
Prof. Dr. Aristóteles Almeida Lacerda Neto – IFMA
Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues – UFPB
Prof. Dr. Jailto Luís Chaves de Lima Filho – UEPB
Prof.ª Dr.ª Vanessa Neves Riambau Pinheiro – UFPB
Prof.ª Dr.ª Amanda Ramalho de Freitas Brito – UFPB
Prof.ª Dr.ª Fabiana Souza Silva Mendes de Araújo – UFPB
Prof.ª Dr.ª Fernanda Barboza de Lima – UFPB
Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete da Nóbrega – UFPB
Prof.ª Dr.ª Luciane Alves Santos – UFPB
Prof.ª Dr.ª Marinalva Freire da Silva – UEPB
Prof. Ms. Hélder Moura – IFPB
Prof.ª Ms. Ana Patrícia Frederico Silveira – IFPE
Prof. Ms. Jhonatan Leal da Costa – UFPB
Comissão Técnica
Letícia Simões Velloso Schuler
Matheus Pereira de Freitas
Sandro dos Santos Nascimento
Wanessa de Góis Moreira